Marco Silva chega aos 500 jogos na carreira

O português, de 47 anos, chega este sábado à marca dos 500 jogos na carreira, na receção ao Crystal Palace (12h15), a contar para os quartos-de-final da Taça de Inglaterra. A partida marca um momento histórico na carreira do técnico que percorreu três países e seis clubes diferentes para atingir uma marca reservada aos grandes.

Fim-de-semana marcante para Marco Silva que chega aos 500 jogos na carreira este sábado. Estreou-se no Estoril Praia, o mesmo emblema onde se retirou dos relvados enquanto jogador, na temporada 2011/12. Concretizou aí 116 jogos antes de passar para o Sporting, onde fez 53 jogos. Seguiram-se Olympiacos (48 J), Hull City (22 J), Watford (26 J), Everton (60 J) e por fim o Fulham (174 J).

Steven Vitória, central internacional canadiano, natural de Toronto, com carreira feita em Portugal, esteve no primeiro onze de Marco Silva no Estoril. Aos 38 anos, Vitória continua a jogar ao mais alto nível, defendendo as cores do Boavista, mas recorda-se bem dos tempos em que trabalhou com Marco… primeiro como colega, quando o então capitão do Estoril estava na última época como jogador. Marco Silva transitou depois para diretor desportivo e, de seguida, para treinador.

Steven Vitória recorda o traço de “poeta” pela forma como estimulava quem o ouvia com as palavras certas nos momentos certos. “O Marco era uma pessoa exemplar, um ser humano de muita qualidade, que conseguia conquistar o respeito de toda a gente, por ele mesmo ser o primeiro a demonstrar esse respeito pelo próximo. Mesmo quando subiu ao cargo de diretor, manteve-se a mesma pessoa, digna de um respeito enorme”, lembrou Vitória.

Quanto às intervenções depois já como treinador, Steven relembra-o, então, como alguém de poucas palavras, mas sempre muito corretas e assertivas, provocando grande impacto em quem escutava as suas palestras: “Eram muito profundas e de grande impacto que deixava todos os que o ouviam arrepiados”.

Steven Vitória classificou ainda as três fases em que acompanhou Marco Silva como “fantásticas”, deixando rasgados elogios à sabedoria tática do agora treinador profissional.

Arranque em falso

2 de outubro de 2011, Estádio Municipal 25 de Abril, em Penafiel. Jogou-se a sexta jornada da 2.ª liga portuguesa. Apesar da derrota por 3-1, esta data ficará marcada na memória de Marco Silva como o dia da sua estreia como treinador principal. Steven Vitória recorda esses tempos no segundo escalão e todo o percurso dos canarinhos até à subida de divisão e a ida à Liga Europa. 

“Recordo-me dessa época quase como se fosse ontem. Se não me engano ele agarra a equipa na 6.ª ou 7.ª jornada, com a equipa no fundo da tabela. Assume o comando da equipa numa quinta-feira e vamos a Penafiel jogar domingo de manhã. Então ele teve dois dias ou nem isso de trabalho, com a equipa”, relembra.

“Esse jogo não nos correu bem, perdemos 3-1, houve três expulsões, se não estou em erro, e eu fui um deles. Lembro-me que o Marco, na altura fez-me perceber o que eu tinha feito de errado. Fomos para penúltimo, em zona de descida. A partir da semana seguinte, tudo mudou. Em 15 jogos, ganhamos 12 e empatamos três e fomos de penúltimo para primeiro e nunca mais de lá saímos.”

Estreia na Liga e nas provas europeias

Nesta temporada, o Estoril subiu, então, para a I Liga com um registo de 57 pontos. Na época seguinte, Marco Silva fez a sua estreia no principal escalão do futebol português. “Todos desacreditavam de nós e achavam que íamos lutar para não descer. Mas acabámos por conseguir o acesso à Liga Europa. Depois, metade da equipa sai, muita gente a dizer que iríamos cair e depois o Estoril faz ainda melhor, conseguindo um 4.º lugar e novamente a ida à Liga Europa”, relembra Steven Vitória.

“Todo aquele projeto foi total mérito dele, a pessoa certa, no momento certo. Foi todo o início de uma história fantástica. E agora chega aos 500 jogos e fico feliz por ele. Todo o sucesso que está a ter é mais do que merecido. É uma estrela e fico muito grato de partilhado muitos momentos com ele, que é uma pessoa que eu admiro muito e que vou sempre admirar. Alguém que vai sempre merecer o meu respeito e admiração”, concluiu o experiente central canadiano.

As mudanças

Após o sucesso no Estoril, seguiu-se o desafio de um dos grandes da Segunda Circular. Marco Silva efetuou 53 jogos no comando técnico do Sporting, levando os leões ao terceiro lugar do campeonato nacional, e à conquista de uma Taça de Portugal, onde venceu o SC Braga no desempate por grandes penalidades, após um 2-2, nos 120 minutos.

Ultrapassada a etapa leonina, seguiu-se uma passagem de sucesso pelo campeonato grego, onde o técnico natural de Lisboa conduziu o Olympiacos à conquista de um campeonato e chegando à final da taça da Grécia.

Chegada a Inglaterra

Em 2016, há oito anos, portanto, Marco Silva mudou-se para Inglaterra, onde se mantém até hoje. Após uma temporada de adaptação ao leme dos Tigers do Hull City, que resultou na despromoção para a Championship, Marco Silva abraçou o projeto do Watford. Aí, fez um 14.º lugar mas deixou boa imagem. E conseguiu dar o salto para uma equipa que competisse por lugares mais competitivos e entusiasmantes. Abraçou, então, o projeto dos Toffees, estabelecendo-se ao longo de duas temporadasna cidade de Liverpool, onde conquistou um 8.º e um 12.º lugar, antes de rumar a Londres.

O desafio nos ‘cottagers’

Após várias temporadas de muita qualidade no principal escalão inglês, o técnico português decidiu, então, abraçar novo desafio, pegando no leme de um Fulham tentava voltar aos aos grandes palcos do Reino Unido. O objetivo foi atendido, e na temporada de 2021/22 o Fulham regressou à Premier League, após uma grande campanha no Championship, onde terminou em 1.º lugar com 90 pontos.               Atualmente, na quarta temporada ao serviço do Fulham, o emblema encontrou o seu ponto de equilíbrio, vai na sua terceira época consecutiva no principal escalão inglês e ocupa um 8.º lugar ainda a olhar para cima, para os lugares europeus.

E a viagem ainda tem muito caminho pela frente…