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JOTA!

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Nuno FarinhaNuno Farinha|

O desaparecimento de Diogo, que deixou Portugal anestesiado, vai continuar a ser difícil de aceitar. Os detalhes que se foram conhecendo sobre a madrugada fatal que tirou a vida ao internacional português e ao seu irmão, André Silva, são tão cínicos que chega a parecer estarmos perante um guião escrito com requintes de malvadez. Só num filme de alta intensidade dramática – ou mesmo de terror – é possível criar uma narrativa ao nível do que fomos ouvindo nas últimas horas.

Morrer no auge da carreira, poucos dias depois de ter casado com a namorada de sempre, é qualquer coisa que nos esmaga a todos. Morrer ao lado do irmão, naquelas circunstâncias, é inimaginável. Morrer num carro a regressar a Liverpool, quando o normal seria fazê-lo de avião (como aconteceu dezenas e dezenas de vezes…), é um destino que não tem explicação.

Tal como disse Jurgen Klopp, o treinador que o levou para Anfield, “deve haver um propósito qualquer para isto ter acontecido, mas eu não consigo perceber qual é”. A onda de mensagens e solidariedade que se seguiu à notícia da morte do Diogo foi, naturalmente, muito para além de Klopp.

Da Casa Real Britânica aos principais líderes políticos do Reino Unido, passando praticamente por todos os grandes nomes do desporto mundial, a notícia “devastadora” não deixou ninguém indiferente. E todos fizeram questão de homenagear este “homem comum” – e também o seu irmão. Não faz qualquer sentido, neste momento, descrever o que foi o Diogo enquanto jogador. As suas virtudes técnicas, a sua qualidade posicional, a sua resiliência, a sua inteligência, a sua competitividade. Não. Hoje não é dia para isso.

Também não faz sentido, nesta altura, recorrer às bases de dados e estatísticas para lembrar o número de golos, jogos e assistências que o Diogo acumulou no Paços de Ferreira, no FC Porto, no Wolverhampton, no Liverpool e na Seleção Nacional. Tudo o que se possa dizer sobre este GRANDE jogador é muito pouco comparativamente à sua exemplar dimensão humana.

Cruzei-me duas vezes, apenas, com o Diogo. No túnel de acesso ao relvado do Estádio da Luz, a 5 de abril de 2022, e no túnel de acesso ao mítico palco de Anfield, uma semana depois (dia 13 de abril), em dois jogos dos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Não foi preciso mais do que esse breve contacto para confirmar a humildade, a simplicidade e a excelência no trato. E, acreditem, é muito raro encontrar alguém assim no futebol – em especial a este nível de alto rendimento.

O Diogo era, realmente, diferente. Era especial por ser genuíno. Por ter bom carácter. Por ser um modelo de comportamento. E por ter terminado a carreira – e a vida – sem que alguém lhe possa apontar a mais pequena falha na relação com colegas, adversários, treinadores, dirigentes, árbitros, adeptos ou imprensa.

Este é o maior legado que o Diogo deixa e que merecia ser aproveitado enquanto exemplo por todos – mas mesmo todos! – os quadrantes do futebol português.

O Diogo partiu. O Jota será eterno.

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