
Luís Viegas – o ex-jornalista que triunfa como analista e adjunto no futebol asiático
Luís Viegas é natural de Coimbra, sempre foi um apaixonado por futebol e apostou na carreira de jornalista desportivo. Trabalhou em vários jornais, o último dos quais em O Jogo, mas, em 2011, deixou o jornal para ingressar no Beira-Mar. Esteve dois anos nos aurinegros, onde conheceu Rui Bento, integrando a sua estrutura técnica como analista de adversários. Deixou o Beira-Mar no final de 2013 e, em janeiro de 2014, seguiu com o técnico para a Tailândia. E a vida ganhou um novo rumo. Luís Viegas – o ex-jornalista que triunfa como analista e adjunto no futebol asiático.
Esta odisseia do analista e agora treinador-adjunto começou, então, em janeiro de 2014. “O Rui Bento foi para o Bangkok United e eu fui com ele. O mister ficou lá 3 meses, mas eles gostaram de mim e acabei por ficar. Ainda assim, o técnico seguinte era tailandês e não seguia quase nada dos meus relatórios. Foi, talvez, a parte mais difícil de enfrentar. Mas os resultados também não corresponderam e o clube substituiu o técnico pelo brasileiro Mano Pölking. E tudo mudou para melhor”, explicou quem passou a ser um braço-direito do novo treinador.

Trabalharam juntos no Bangkok United até 2020, quando estalou o Covid. E as recordações da capital da Tailândia são muito boas. “É uma cidade incrível, multicultura e extremamente segura. Há pouco tempo li que tem o aeroporto com maior número de rotas do Mundo, porque é uma cidade com muito turismo. Com um movimento louco, até porque ali vivem 17 a 18 milhões de pessoas. Foi lá que conheci a minha mulher, que ainda lá está a trabalhar”, conta. O projeto no Bangkok United acabou na altura do Covid e Luís Viegas esperou por outro desafio para seguir ao lado de Mano Pölking.

E esse desafio surgiu, então, no Vietname, no final de 2020. Onde, curiosamente, na cidade de Ho Chi Min ainda não havia um único caso registado de Covid. “A vida lá seguia normalmente. Tudo aberto, o futebol a funcionar, cafés, restaurantes, discotecas, tudo operacional. Mas quando surgiu o primeiro caso, foram de extremos. Fecharam tudo e eu só podia sair de casa duas vezes por semana e com destino ao supermercado para comprar comida. Mais nada”, explica.
Em agosto de 2021, a dupla foi obrigada a deixar o Vietname. E Luís Viegas regressou a Portugal. “Estava a loucura. Lembro-me que tive muitas dificuldades para chamar um táxi para rumar ao aeroporto. E lá o ar condicionado estava desligado porque tinham medo de possível contaminação”, relata.
Pouco depois, surgiu o convite da seleção da Tailândia. “Chegámos e íamos disputar a Taça Sudeste da Ásia, que é uma espécie de Copa América ou Europeu. Ainda para mais, é a competição onde a Tailândia podia mesmo lutar para ganhar, uma vez que é muito difícil chegar a outras competições internacionais de maior renome. A Tailândia não ganhava esta prova desde 2016. Fizemos um contrato de apenas 3 meses, para disputarmos a competição, o qual seria renovado se ganhássemos. E disputámos no final de 2021 a competição que era relativa a 2020 mas não havia sido feita por causa do Covid”, explica.

A competição foi disputada em Singapura, “numa bolha, por causa do Covid”. E a resposta da equipa técnica luso-brasileira foi de exceção. “Ganhámos 6 jogos e empatámos dois. Eliminámos o Vietname nas meias-finais e, na final, batemos a Indonésia a duas mãos. A prova ficou logo ganha na 1ª mão porque goleámos por 4-0. Na 2ª mão empatámos 2-2. Foi a melhor prestação da Tailândia na prova, ainda hoje falam dessa edição no país”, reconhece o globetrotter português.
Mas o brilho haveria, então, de tornar-se ainda maior. “Em 2022, disputámos a edição desse ano e as dificuldades foram muito maiores. Para já, a prova foi disputada em vários países, com 8 jogos e inúmeras longas viagens em 6 semanas. Para além disso, a prova já era reconhecida pela FIFA e mas ainda não estava enquadrada no seu calendário. Por isso, ficámos sem 10 a 12 jogadores importantes, que os clubes se recusaram a ceder”, reconhece.

O impacto de uma competição destas, disputada numa zona do globo onde vivem muitos milhões de habitantes, é fortíssimo. Ainda para mais, os tailandeses vinham de uma vitória na edição anterior, pelo que a exigência era simples: ganhar. “Foi tremendo. Conseguimos, com muita dificuldade, chegar à final para defrontar o Vietname. Empatámos 2-2 lá, depois de estarmos a ganhar 2-1. E na 2ª mão ganhámos 1-0 em casa. Foi uma vitória marcante para nós”, explica.
A relação entre clubes e federação na Tailândia não é, então, nada fácil. “Nem sempre é uma relação fácil. Há sempre alguns problemas na cedência de jogadores, mesmo em datas FIFA. E entretanto entrou um director-técnico japonês que começou a gerar um clima de instabilidade”, diz. E tudo se precipitou para a saída: “Ainda iniciámos a qualificação para o Mundial’2026, mas perdemos com a China no primeiro jogo, no final de 2023, e acabou aí o nosso trajeto na seleção da Tailândia.”

Foi, então, que Luís Viegas aproveitou para vir matar saudades a Portugal e enriquecer currículo. “Aproveitei o tempo para estudar. Fiz uma pós-graduação no ISMAI, na Maia e depois fui à Alemanha tirar o Curso UEFA B, que é reconhecido aqui fora. Foi boa a paragem para obter novos conhecimentos”, reconhece.
Em 2024 surgiu, então, o convite do Cong An Ha-Noi, do Vietname. “Cong Na quer dizer Polícia. Ou seja, o clube para o qual trabalhamos é a equipa de futebol da Polícia de Hanoi. Mas aqui nesta zona é histórico e cultural. Quando cheguei à Tailândia, por exemplo, percebi que o Exército, a Marinha, a Força Aérea, a Polícia e a Alfândega têm equipas de futebol. Usam o futebol para unir a população. No último jogo, por exemplo, defrontámos a Polícia de Ho Chi Minh. É como se fosse a PSP de Lisboa a defrontar a PSP do Porto. Em Portugal, isto não faz qualquer sentido. Mas aqui é cultural”, refere.

Luís Viegas acumulou, então, a função de treinador-adjunto, mas o que mais gosta de fazer é mesmo a análise. Da sua equipa e dos adversários. “Vou sempre gostar mais da análise. Sinto-me também um beneficiado por ter começado esta função quando ainda quase ninguém lhe dava importância. O Rui Bento dava e lançou-me nisto. Cresci com a evolução da análise e do vídeo e depois encontrei o Mano Polking, que como adjunto do Winfried Schafer, antigo seleccionador dos Camarões, tinha feito trabalho de análise, o que também me ajudou”, conta.
No Cong An Ha-Noi, juntos já ganharam uma Taça e uma Supertaça. “Fui o segundo treinador a ganhar uma Supertaça do Vietname, a seguir a Henrique Calisto, que aqui é um autêntico deus. O nosso adjunto local foi jogador dele e quando nos disse que ele vinha ver o jogo, nem sabíamos. Gostei muito de conhecer o Henrique Calisto. Percebi que os problemas que enfrentamos aqui, já ele os enfrentou há mais de 20 anos. E continua a ter um reconhecimento notável aqui”, sublinha, lembrando que “para trabalhar, o jogador vietnamita é melhor do que o tailandês.”

O objetivo imediato de Luís Viegas passa, então, por ganhar o campeonato do Vietname. “Internamente, queremos ser campeões, claro. E nas competições internacionais é tentar chegar o mais longe possível. Na próxima semana vamos ter jogo na Austrália. Isto é ótimo para conhecer Mundo”, reconhece. Lembrando que a melhor lição que aprendeu no futebol é “não fazer muitos planos”, Luís Viegas admite, ainda assim, que um dia espera trabalhar num clube em Portugal.
“Sim, espero regressar um dia. Com a minha mulher? Sim, ela ainda agora esteve aí um tempo com a minha mãe, a ter aulas de português. Está a aprender. Gostava de um dia poder trabalhar num clube em Portugal. Mas não vou pensar nisso agora. Temos contrato até ao fim deste campeonato, que acabará em maio do próximo ano. E depois logo vemos o que acontece”, diz, reconhecendo ainda que a carreira de jornalista desportivo lhe foi proveitosa para poder melhorar o seu desempenho enquanto analista.
Ao mesmo tempo, Luís Viegas fundou, juntamente com mais três parceiros, uma academia de futebol em Bangkok. A Lusitanos Academy foi, então, criada em 2023, na sequência de uma equipa que entrava, desde 2020, em ligas amadoras de society. O nome transitou, então, para academia, que hoje alberga cerca de 150 crianças a praticar futebol segundo a metodologia portuguesa.

Para já, histórias não faltam para contar, um dia, aos filhos e netos. Luís Viegas – como um ex-jornalista triunfa como analista e adjunto no futebol asiático.

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