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O invicto do interior: Filipe Martins e o novo Desp. Chaves que resiste a tudo

O invicto do interior: Filipe Martins e o novo Desp. Chaves que resiste a tudo

João EstevesJoão Esteves|

Sob o comando do técnico Filipe Martins, de 47 anos, os transmontanos vivem um arranque de época exemplar, sem derrotas em oito jogos, e preparam-se para receber o Benfica de José Mourinho — num duelo que simboliza o novo fôlego de um clube, agora, com alma mexicana.

O outono chega a Trás-os-Montes com a serenidade de quem se sente preparado para o frio — e o Desportivo de Chaves está, esta época, pronto para tudo. Em oito jogos oficiais, o conjunto flaviense ainda não perdeu: soma quatro vitórias e quatro empates, com 12 golos marcados e apenas 5 sofridos, um registo que o coloca entre os mais consistentes de Portugal.

Só o FC Porto apresenta números superiores entre todas as equipas dos campeonatos nacionais (nove vitórias e um empate em dez jogos, entre campeonato e Liga Europa). E, tirando os dragões, apenas Louletano e Vila Meã — ambos de divisões inferiores — continuam invictos em todas as provas.

No meio deste pequeno grupo de resistentes, há um nome que se destaca pela forma como conjuga serenidade e convicção: Filipe Martins, 47 anos, treinador que devolveu ao clube transmontano uma identidade competitiva, sólida e ambiciosa.

Filipe Martins é o homem do leme da única equipa que ainda não perdeu na Segunda Liga

Um novo ciclo com selo mexicano

A tranquilidade que hoje se respira em Chaves contrasta com os meses anteriores à nova época. A SAD flaviense foi adquirida por um grupo do México [vendida ao Grupo Orlegi Sports, do México, que adquiriu 70% do capital social, ficando os 30% divididos pela família Carvalho (20%) e pelo Grupo Desportivo de Chaves (10%)], um movimento que trouxe uma promessa de renovação estrutural.

Filipe Martins, que chegou no verão com a missão de estabilizar a equipa e construir uma base para o futuro, tem sido o rosto desse equilíbrio.

Sem sobressaltos mediáticos nem promessas vãs, o técnico construiu uma equipa disciplinada, unida e fiel aos seus princípios: pressão organizada, saídas seguras, e um jogo apoiado que não abdica da coragem.

Da estabilidade à ambição

A caminhada na Liga 2 tem sido notável. O Desp. Chaves mantém-se nos lugares cimeiros, apresentando uma das defesas mais seguras do campeonato e uma das melhores diferenças de golos. Mas o verdadeiro teste está prestes a chegar — e com um enredo digno de romance futebolístico.

Este será o sétimo embate de Filipe Martins com o Benfica

No próximo jogo da Taça de Portugal (marcado para sexta-feira, 17 de outubro, às 19h30), os transmontanos recebem o Benfica de José Mourinho, que regressa à competição 21 anos depois da última presença.

O reencontro com a Taça

Para Filipe Martins, este será mais do que um jogo. É o prolongamento de uma relação íntima com a Taça de Portugal, competição que o treinador conhece como poucos: 16 jogos, 12 vitórias e apenas 4 derrotas, num percurso que inclui momentos inesquecíveis, como a caminhada até aos quartos de final em 2022/23, ao serviço do Casa Pia.

Agora, de azul-grená, terá diante de si o maior dos desafios: ser o padrinho simbólico da reestreia de Mourinho na prova rainha.

Um confronto improvável, mas carregado de significado. Filipe Martins, o homem que constrói equipas passo a passo, enfrentará o técnico que moldou uma era do futebol mundial. Dois olhares sobre o jogo, duas gerações, dois caminhos distintos que se cruzam no mesmo relvado — o Municipal Eng. Manuel Branco Teixeira, onde o vento transmontano costuma soprar histórias de superação.

Um treinador com convicções firmes

Discreto, cerebral, Filipe Martins construiu uma carreira com base na coerência e no detalhe. Dos tempos do Real Massamá e do Mafra à aventura maior na Primeira Liga com o Casa Pia, o seu percurso é um elogio à paciência e à competência. Contra o Benfica, soma cinco jogos oficiais (quatro derrotas e um empate), mas quem o conhece sabe que não vive de estatísticas — vive de ideias.

Este Desportivo de Chaves é, acima de tudo, uma equipa. Sem grandes estrelas, mas com uma energia coletiva evidente, que começa na baliza e se prolonga até ao ataque.

O GD Chaves tem das melhores defesas e ataques da Segunda Liga

Nos 12 golos marcados até agora, há diversidade, solidariedade e eficácia. E na retaguarda, a segurança defensiva é um reflexo direto da organização do treinador — apenas cinco golos sofridos em oito partidas, número que fala por si.

Entre o passado e o futuro

Num futebol cada vez mais dominado por grandes orçamentos e pressões imediatas, o Desportivo de Chaves é, por estes dias, um caso raro: um projeto em crescimento, com um treinador que pensa o jogo antes de o vender, e uma nova administração que olha para o futuro com ambição.

No próximo capítulo, o palco será maior. A Taça de Portugal promete emoção, simbolismo e visibilidade.
E quando José Mourinho pisar o relvado transmontano, talvez perceba que há algo de profundamente português neste Desp. Chaves: a crença de que, com trabalho e alma, mesmo os mais pequenos podem desafiar os gigantes.

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