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José Vala: “Já atingi o objetivo de ser visto como um dos bons treinadores do Caldas”

José Vala: "Já atingi o objetivo de ser visto como um dos bons treinadores do Caldas"

José Vala: “Já atingi o objetivo de ser visto como um dos bons treinadores do Caldas”

CraquesCraques|

Na antecâmara da 3ª eliminatória da Taça de Portugal, o Craques entrevistou o treinador que orienta o Caldas desde a época 2016/17. José Vala faz, então, uma retrospetiva aos anos em que tem trabalhado no clube da Mata e sente orgulho por tudo aquilo que tem conseguido. Mas admite ter, ainda, sonhos por cumprir. E recordou, então, os melhores e os piores momentos que já viveu no ‘seu’ Caldas.

CRAQUES – Como é estar há 10 anos a treinar a mesma equipa em Portugal?

JOSÉ VALA – O que sinto não está só relacionado com o número de anos, mas também com o facto de ser no clube onde cresci, que teve um papel fundamental em tudo o que sou hoje. É, acima de tudo, um orgulho enorme.

C – Em 2016/17, quando chegou, o Caldas era muito diferente de agora?

JV – A estrutura do clube, quer física quer humana, apesar de algumas melhorias, não está muito alterada. Diria que a grande diferença é fruto do que temos feito ao longo destas épocas. Lembro-me que iniciámos com cerca de 300 a 400 pessoas nas bancadas e nas últimas épocas temos médias de 1300 a 1400. Sem dúvida, essa é, então, a grande diferença.

C – Como gostaria, um dia, de ser recordado pelos adeptos do clube?

JV – Quando comecei a treinar o Caldas, disse que um dia gostava de ser recordado como um dos bons treinadores que o Caldas teve e não pelo que fiz como jogador. Penso que já consegui atingir esse objetivo. 

C – Por que é tão difícil para os adversários jogar no Campo da Mata?

JV – Está diretamente relacionado com o número de adeptos que conseguimos ter nos jogos em casa e com o facto de a grande maioria reconhecer o nosso mérito. Não tenho grandes dúvidas de que na última época isso não foi uma realidade. Muito porque não se sentiu de forma idêntica a épocas anteriores, esse apoio e reconhecimento vindo das bancadas. Não tivemos, então, a capacidade de ter a regularidade exibicional necessária. Penso que esta época estamos a conseguir criar, novamente, esse ambiente.

Adeptos do Caldas reconhecem o bom trabalho efetuado por José Vala. Foto: Facebook Caldas SC

“As quatro derrotas seguidas na época em que subimos à Liga 3 teriam motivado despedimento noutro clube”

C – Qual o segredo do clube para manter vários jogadores tantos anos no clube?

JV – Não posso dizer que essa filosofia seja algo que me pertença, já no meu tempo de jogador, grande parte dos jogadores provinham da formação e ficavam muitos anos no clube. As diferentes pessoas que têm passado pela estrutura diretiva e técnica, têm um elevado sentido de humanismo, mesmo nas situações mais difíceis, levando a que o respeito seja mútuo. Quem respeita, na maioria das vezes, também é respeitado. É o que tem acontecido entre clube e jogadores.

Nos momentos difíceis, clube e adeptos deram as mãos ao treinador

C – Quais foram os momentos mais difíceis até agora no Caldas?

JV – Na época que subimos à Liga 3, tivemos 4 derrotas seguidas. Noutro clube qualquer, ainda mais com o treinador a querer sair, a substituição do líder seria mais do que certa. Direção e capitães de equipa não o permitiram. Nunca me esquecerei das palavras do Luís Paulo e do Militão: “Quando este barco afundar, vamos todos ao fundo, não vai só o mister”; “Não há ninguém neste balneário que não dê tudo pelo mister.” Sem dúvida foi o momento mais difícil, mas também foi um daqueles que me tornou mais forte.

C – E os que vai recordar para sempre?

JV – As meias finais da Taça de Portugal; a eliminatória da taça de Portugal em que fomos eliminados pelo Benfica, apenas nas grandes penalidades; a subida à Liga 3 e todas as edições da Liga 3 em que conseguimos a manutenção.

Os quatro magníficos e as histórias caricatas

C – Consegue fazer um onze dos jogadores mais marcantes que já orientou no Caldas?

JV – Não o vou fazer, porque teria de colocar 11 jogadores desta época. E se a pergunta fosse colocada o ano passado, seriam, então, os onze da época 2024/25. Os melhores serão sempre aqueles que treino no momento, é por esses que dou tudo e é a esses que exijo que deem tudo. Não querendo ser injusto para outros, destaco quatro que me marcaram pela qualidade humana e futebolística: Thomas Militão, Luís Paulo, Paulo Inácio e Leandro Borges… estes estariam sempre no meu 11.

C – Tem alguma (algumas, certamente) história caricata que tenha vivido no clube que queira partilhar com o Craques?

JV – A grande maioria das histórias caricatas está diretamente relacionada com dois dos momentos mais marcantes: as meias finais da Taça de Portugal e a eliminatória com o Benfica. No primeiro jogo, em Vila das Aves, treinámos na véspera, em Caldas de Vizela onde estagiámos, num parque perto do hotel, a chover torrencialmente. E os jogadores dormiram nos corredores e sala de convívio do hotel no dia do jogo, porque tivemos de deixar os quartos ao meio-dia.

José Vala transformou o Campo da Mata numa fortaleza para a sua equipa

Tratam-se, então, de dois dos momentos mais caricatos que vivi e que uma equipa que disputava, então, as meias-finais da segunda competição mais importante do futebol Português, com certeza, viveu. E com o Benfica, tínhamos treino marcado para a manhã do dia do jogo e a polícia não nos deixava passar. Mesmo dizendo-lhes quem éramos. “Posso passar? Sou treinador do Caldas”, perguntava. E a resposta era: “Não sei quem é, não tenho autorização para deixar passar ninguém.” Salvou-nos, então, o nosso gestor de segurança, Pedro Creio.

C – Chegar aos campeonatos profissionais é um objetivo esta época?

JV – O objetivo para esta época é, então, igual ao das anteriores épocas da Liga 3, manter o Caldas nesta excelente competição.

A importância da formação académica para ser melhor treinador

C – Também é professor. Onde e o que leciona?

JV – Sou professor de Educação Física na Escola EB 2,3 de Atouguia da Baleia.

C – Em que é que a carreira de professor o tem ajudado a crescer enquanto treinador?

Mais do que a carreira como professor, acredito que a minha formação académica tem ajudado:

– Da minha formação em Educação Física (Licenciatura), a mais valia está, então, na construção e operacionalização dos exercícios de treino. A parte científica e pedagógica tem, em muitas situações, um grande transfer.

– Da minha formação em Psicologia do Desporto (Mestrado), a capacidade de construção de grupos fortes e resilientes. Pelo menos, é esse o objetivo.

“Tenho o sonho de voltar a subir com o Caldas”

C – Pretende continuar a treinar até que idade?

JV – Sinceramente, nunca pensei nisso, sinto que ainda tenho muito para fazer na vida. E não vejo, nem nunca consegui ver, a mesma sem o futebol.

C – Soma 291 jogos e 115 vitórias pelo Caldas, como treinador. Tem algum número redondo que gostasse de atingir um dia?

JV – Não tenho qualquer objetivo em relação ao número de jogos, mas gostava de ganhar todos os que ainda vou fazer. Mesmo sabendo que é um objetivo praticamente impossível de atingir. Ninguém ganha sempre, mas todos podem sonhar com isso.

C – Qual foi o melhor e o pior jogo que já viveu como treinador do Caldas?

JV – O melhor, pela qualidade do adversário e por aquilo que conseguimos fazer, foi, então, o Caldas-Benfica, na 3ª eliminatória da Taça de Portugal da época 2023/24. O pior foi o Atlético-Caldas (4-0) da época passada.

C – O que é que ainda gostaria de alcançar no Caldas?

JV – Tal como tenho o sonho de ganhar todos os jogos, também tenho o sonho de voltar a subir com o Caldas.

A equipa do Caldas defronta amanhã o Mirandela para a Taça de Portugal

C – Olhemos para o Caldas-Mirandela. O que espera deste jogo para a Taça de Portugal?

JV – Um jogo extremamente difícil, contra uma equipa que vem motivada de um excelente resultado. Não nos esquecemos que na época passada fomos, então, eliminados pelo Tirsense, que também estava na Série A. E, à data, encontrava-se, então, exatamente na mesma posição em que se encontra o Mirandela. Não queremos ter o mesmo desfecho, mas para isso teremos que ser muito melhores.

C – Em 2017/18 chegou às meias-finais da Taça de Portugal. Será possível repetir esse feito no Caldas?

JV – Isso é como ganhar todos os jogos… não é impossível, mas é muito difícil.

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